Art Deco em Santa Maria
Uma remodelação urbana iniciada em Santa Maria no final da década de 1930 resultou em um dos maiores conjuntos contínuos de edifícios em Art Déco do mundo. O estilo arquitetônico modernista chegou de maneira tardia na cidade. Famoso no Ocidente até o começo da Segunda Guerra Mundial, a moda chegava ao Oriente quando chegou em território santa-mariense.
Foi a partir de 1940, com a inauguração do Edifício Cauduro, que a Art Déco pegou de vez. A paisagem criada pode ser vista até hoje nas ruas do centro. Destaque para a Avenida Rio Branco, onde está o Cauduro, que o ex-prefeito Cezar Schrimer comparou certa vez à Ocean Drive. A famosa via de Miami possui o maior acervo contínuo do estilo arquitetônico no mundo.
Origens da Art Déco em Santa Maria
O projeto de remodelação começou com os esforços do então prefeito Antônio Xavier da Rocha (1939-1942). As linhas simétricas, formas racionais e funcionais, inspiradas na industrialização, tomaram as ruas da cidade.
Além do Edifício Cauduro, que abrigou o Hotel Jantzen em tempos de cidade agitada pela ferrovia, se destacam como exemplares da Art Déco o concreto armado do Edifício Mauá, o Colégio Olavo Bilac, o Cine Imperial, a Casa de Cultura, o Shopping Independência, que mescla também Art Noveau, entre outros.
Muitos dos prédios foram construídos ou reformados para seguir o estilo arquitetônico muitos anos depois de seu declínio ocidental, próximo a 1939, mas começaram a conferir à cidade uma imagem própria.
Situação atual do acervo
Como é um acervo a céu aberto, com a maioria absoluta dos imóveis privados, o patrimônio em Art Déco vive restauração lenta. Alguns edifícios, como o Shopping Independência e o Cine Imperial apresentam excelente estado de conservação. O primeiro, por pertencer à prefeitura santa-mariense, o segundo, pertence à Eny Calçados, que restaurou o edifício e mantém uma loja e sua sede administrativa no local.
Outros, como o Edifício Cauduro, o Edifício Mauá, Colégio Olavo Bilac, Edifício Beltrão, diversas construções e residências “anônimas” estão entregues à ação do tempo e a condições precárias interna e externamente.
Alguns apresentam fachada conservada, mas poluída por anúncios, letreiros de lojas, entre outros, como o Edifício Mariano da Rocha, na Rua Venâncio Aires e o Edifício 648, na Avenida Rio Branco.
Exposições e projetos de conservação
Além das inúmeras iniciativas de alunos e professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFSM, exposições recentes como a de autoria do mestre em Turismo, Rafael Ruviaro, contribuem para reerguer e lembrar da importância da preservação.
As exposições levaram para locais como o Royal Plaza (maior shopping de Santa Maria) e o Museu de Arte de Santa Maria um pouco dessa herança da Art Déco, expressa em construções famosas da cidades e outras nem tanto.
Iniciativas de preservação ainda estão em fase inicial, como a intenção de criação de polo histórico, cultural e turístico, e o Projeto Anuncie Legal, para limitar fachadas, anúncios e outdoors em Santa Maria.